quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Já não me faz falta em tempos iguais.
Já não atormenta, sua pálida imagem.
Oh, mente ofuscada...
Tu quase invisível, quase adormecida e incensada. Insaciável sede do prazer mortal! 
Não há mais beleza nos cantos terríveis da deturpação.
Não faz retornar teus gritos e solos, como os do Corvo esquecido pela inundada visão desta uma escura imensidão, vazia e sombria.
Do futuro tu estas morta. Morta de meus pensamentos, desejos e planos...
Oh não, não do meu desejo varrido, trazido...
Em teus olhos ao mel sem brilho, não vivo. Sua boca, sem gosto, em outra.
Preocupa-me a angustia que fica, dos dados Beijos e Abraços. Já não me fazem falta. Morrestes!
Tão de repente. Não me avisastes que irias, e não mais voltaria.
Deusa, tu que jaz agora fúnebre de minha melancolia. A agonia que tens a mostrar.
Te desfaz de meus doces perfumes, presentes em cumes. Não quer me doar.
Lastima fúria dos dragões da aurora. Que resta em meu peito o vazio profundo, a fundo e a fora.
Oh, beleza primaria...
Teu gosto não sinto penetrar-me os dentes.
Morrestes sem peles e pelos. E não-sábio é aquele que enterra teus ossos.
Necrófilos do bem, do mal, do medo e da morte. Um prazer em ver...
Transar, gozar, gemer, foder... o cadáver da donzela que temia morrer.
Eis a temível e cruel solidão, mas não é em vão, de um mundo triste e sem chão.
Paredes e matos, sem pés nos sapatos. Te vestes menina, com capa umbralina de um mundo sem fim.
O sofrer maligno da dor que insiste em ficar. Maldito és tu coração de carne, és cru.
Oh, bela amada...
Jaz num tumulo. Só assim és tudo, e nada. Apenas de teu sujo-imundo caixão de madeira. Velada aos quatro mármores de sustento. Lamento! Descanse para sempre no esquecimento.
Debaixo da terra, poeira ao vento. No fim dos portões trancado, o cadeado.

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